Chromakopia é o 7º álbum de Tyler, The Creator

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Tyler, the Creator lançou ontem ‘Chromakopia’, o seu sétimo álbum. É raro termos drops às segundas-feiras, mas a decisão parece ter dado frutos: com 86 milhões de streams no primeiro dia, é o maior debut de um disco de hip hop em 2024.

A estética revelada ao longo das últimas semanas fazia antecipar um jogo de máscaras concetual, com referências militares e vibes de psicodrama. Esperávamos uma nova era de Tyler, mas o que nos chega é o contrário: um momento mask off, de vulnerabilidade assumida.

Num tom pessoal, longe dos alter-egos e das camadas de ironia de outrora, Tyler fala-nos da fama e da paranóia. Do medo dos seus stans, do medo de ser enganado pelos contabilistas, e de outros medos mais familiares a quem também já passou a fronteira dos 30 anos: Tyler, tal como muito do seu público, já não pode negar que é um adulto, e confronta-se com a impreparação para ter uma família, a tendência para repetir os erros dos pais, e uma incerteza perante a própria carreira.

E é também por isso que as reações ao álbum têm sido polarizadas. Alguns fãs esperavam um maior switch-up temático, e têm apontado a ‘Chromakopia’ um certo comodismo estético. A maturidade do projeto soa-lhes a um artista demasiado confortável no próprio universo sonoro. Já outros veem o álbum como o culminar de uma trajetória: um documento de sinceridade, cuja produção, sim, é monopolizada por Tyler, mas com harmonias, arranjos e synths que soam cada vez mais impressionantes. Além disso – e esse ponto parece consensual – Tyler está a rimar como nunca, afastando decididamente quaisquer dúvidas sobre as suas credenciais como rapper.

Ele sabe disso, quando se afirma “the biggest out the city, after Kenny, that’s a fact now” (e os props ao Kendrick também revelam a influência de Mr. Morale). Tyler, the Creator é hoje um ícone cultural e ‘Chromakopia’ pode não ter Frank Ocean, mas é de audição obrigatória.