Como diria o Meek Mill, “I used to pray for times like this”. O Héctor Bellerín é o poster boy daquilo que andamos aqui a tentar fazer: derrubar as fronteiras (ou as quatro linhas) entre o Jogo Bonito e as suas expressões culturais.
A moda, o veganismo, a meditação, a arte, o compromisso com causas políticas, da Palestina à luta LGBTQ. Há três anos, o Héctor desfilou pela Louis Vuitton a convite de Virgil Abloh, e não foi coincidência. Os dois partilhavam a missão de abanar indústrias cada vez mais amorfas.
Tudo isto valeu-lhe uma boa dose de bullying, e um escrutínio acrescido daquilo que eram meras preferências pessoais. Mas nada comprometeu o amor ao jogo, mesmo por entre as lesões que o fustigaram. A bola liga-o à família, em especial ao pai, e liga-o às raízes em Sevilha e na Catalunha. O dia mais feliz em La Masia foi quando conheceu o Ronaldinho – e haveria ídolo que fizesse mais sentido? Para quem valoriza a individualidade, o futebol não é um adereço. É uma forma privilegiada de expressão.
O Bellerín é um dos jogadores mais importantes para o que queremos construir. Na semana em que a presença do Gnabry na Paris Fashion Week se revestiu de polémica, esse papel só sai reforçado – na humanização dos futebolistas, na recusa de uma masculinidade aborrecida, na formação de uma geração que encontra no futebol role models saudáveis e multifacetados. No meio disto, o rapaz não veio para Lisboa passar férias. Já não tem o pace aterrador da adolescência londrina, mas fez uma bela época pelo Bétis, e quer voltar a ser feliz de verde e branco.
Podem torcer por ele nas bancadas de Alvalade, mas escondam a surpresa se apanharem o Heccy B no MAAT ou na Antù. É uma honra tê-lo por cá.