O conceito de “arte” é uma variável. Ora é associado a uma aplicação meticulosa do saber com o propósito de obter resultados práticos, ora se revê numa técnica especial e engenhosa, ou simplesmente na expressão de um ideal estético através dos mais diversos meios artísticos e da criatividade.
A arte de Alexandra Kehayoglou alia técnica e engenho a estética.
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Natural de Buenos Aires, Kehayoglou revê o seu papel de “artista” como agente social através de tapeçarias feitas com materiais excedentes que recolhe da fábrica de família, cuja atividade no setor têxtil se mantém há mais de sessenta anos. As suas peças são feitas através do manuseamento de um dispositivo que cria tufos de linhas ao longo de telas verticais, e por vezes recorre ao uso de um tear. O resultado, é uma série de paisagens amovíveis que apelam ao olhar e ao toque.
E se a responsabilidade admitida é notável na escolha de materiais, também o é nos temas abordados pela artista. De cariz naturalista, as imagens destacadas são idealizadas e remontam para um passado áureo da terra nativa, onde as mãos do Homem ainda não haviam tocado. Alexandra faz-nos chegar paisagens bucólicas, pequenas instalações palpáveis, só para percebermos de que as suas peças são nada mais do que memórias, testemunhos de um momento na história onde Homem e Natureza coexistiram em plena harmonia.
Com referência em imagens aéreas, cada peça retrata espaços concretos. O trabalho da artista é atualmente célebre e visto como um manifesto contra a desflorestação e a devastação, na esperança de despertar a consciência do público para os diversos problemas ambientais. A arte de Alexandra Kehayoglou é um reflexo da perseverança e da responsabilidade que competem ser admitidas pelo artista. As suas tapeçarias, nada mais do que o resultado do esforço feito para que os seus espetadores sejam capazes de fugir à inércia e lutar para um futuro onde haja verde, haja vida, haja paisagem capaz de distrair e encher o olhar.