Menos de 48 horas passadas desde a notícia que abalou o mundo – e não só o da moda -, Miami acolheu o último desfile de Virgil Abloh. Era um dos últimos desejos profissionais do designer, célebre pela sua ética de trabalho, e que quis ser mestre do seu destino até ao fim. O subtítulo da coleção para a Louis Vuitton não é por acaso: “Virgil Was Here”.
Sob um ambiente emotivo, e que teve Kanye West, Kim Kardashian, Rihanna e ASAP Rocky na plateia, Michael Burke foi o primeiro a tomar a palavra. O homem-forte da Louis Vuitton falou da narrativa coming-of-age por trás do desfile, “que reflete a importância que o Virgil colocava nas mãos das novas gerações; não só a capacidade de sonhar, mas dar-lhes o poder para tornarem esses sonhos em realidade”.
Já com os modelos a desfilarem por entre uma luz ténue, vestidos com peças tão ecléticas como a banda sonora, apercebemo-nos de que estávamos – pela última vez – no universo de Abloh. Talvez a narrativa definida de coleções anteriores esteja ausente, mas as propostas falam por si, com uma desconstrução do menswear em que as silhuetas descaem, as linhas ficam turvas, e as fronteiras de género e da formalidade são ultrapassadas. Por uma última vez, vimos o futuro pelos olhos de um génio.
Ao longo do desfile, persistiu ainda um motivo visual: um balão de ar quente vermelho. Uma representação da ascensão de Virgil à outra vida, talvez? Nós ficamos por cá, num mundo incontornavelmente mudado por ele.