“Eles adoram a nossa cultura mas não gostam de nós”, escreveu ontem NGA no Twitter. O trabalho que desenvolvemos em Contracoutura, bem como a formação pessoal dos nossos editores e colaboradores, tem uma dívida inestimável para com a cultura de raízes negras. Hesitámos durante alguns dias em escrever este comunicado, mas a mensagem de NGA serviu como uma wake-up call: o silêncio seria cumplicidade.
As injustiças do passado não estão fechadas nos livros de história, carregamos connosco as suas marcas. Nos últimos dias, os protestos pela brutal morte de George Floyd às mãos da polícia têm abalado sistemas de opressão estrutural com séculos, materializando uma luta pela igualdade a que ninguém que se afirme antirracista poderá ficar indiferente. Portugal, com o seu passado colonial, não é exceção. Os nossos “brandos costumes” assentaram sempre sobre a exclusão de vozes negras da esfera pública, e os crescentes movimentos de rights-claiming por parte de minorias étnicas – como as recentes manifestações contra a violência policial sofrida por Cláudia Simões – têm despertado forças sinistras que estavam já latentes na nossa sociedade. “Olhos abertos”, como recomendou um conhecido futebolista.
A nós, cabe-nos oferecer a nossa solidariedade incondicional na luta contra o racismo, e garantir que a plataforma de Contracoutura está aberta e pronta para amplificar a justa luta de quem acredita que um mundo diferente é possível. Sem justiça não haverá paz. Black Lives Matter.