Wu-Tang Clan no Super Bock Super Rock. É uma estreia em Portugal que só peca por tardia.
O grupo novaiorquino sempre foi “for the children“, e convém que os mais novos percebam que a sua influência não pode ser understated. Formados em 1992, quando o produtor RZA recrutou os primos e os amigos que mandavam umas rimas, tiveram um impacto imediato com as 36 Chambers. A coerência estética era única: os samples de soul misturados com diálogos de filmes de kung fu, mais os versos implacáveis que punham o rap da East Coast de volta no mapa.
Mas foram bem além do virtuosismo nos microfones. Negociaram um contrato game-changing com a editora, que permitia aos diferentes membros assinarem deals individuais, levando consigo o nome Wu-Tang. Criaram uma linha de roupa própria, que tornou icónico o “W“ dourado e normalizou a ideia de rap fashion.
As ramificações do universo Wu-Tang prolongam-se até hoje. O grupo inspirou uma personagem de Naruto, um ninja chamado Killer Bee, e RZA produziu a banda sonora de Afro Samurai – para não falar na do Kill Bill. Method Man entrou em The Wire. A primeira “Photo Tee” da Supreme é protagonizada por Raekwon e Ghostface (e pelo Elmo da Rua Sésamo). A convite de Virgil Abloh, GZA assinou uma performance para a apresentação da coleção SS22 da Louis Vuitton. Foram vitais para a popularização de marcas como Timberland, Tommy ou Clarks. As colaborações com a Nike deixaram um legado que assombra todos os colorways preto/amarelo, e até na Crocs deixaram a sua marca.
Se quiserem fazer o trabalho de casa, o documentário biográfico “Wu-Tang: An American Saga” faz-lhes mais justiça do que uma caption no Instagram, e a terceira temporada até arranca hoje. O exame final está marcado para 14 de julho, no Meco, e os bilhetes já estão à venda.