A espera chegou ao fim, e Tha Carter V está cá fora. Os sete anos que nos separam do último lançamento no franchise, Tha Carter IV, são indissociáveis da sinuosa batalha legal com a editora Birdman, a que se somam os sucessivos adiamentos. Nem as inúmeras mixtapes lançadas por um Lil Wayne determinado a seguir em frente conseguiram afastar o espectro do quinto (e potencial último) capítulo da série.
A expectativa era acompanhada de cautela. Weezy pertence inegavelmente a outra era, que foi ao mesmo tempo esculpida pelo seu output artístico, e o panorama atual é dominado pelos seus herdeiros – Drake, antigo protégé de Wayne, o expoente máximo dessa tendência. O álbum aponta para alguém consciente disso (um sample de um discurso de Barack Obama encapsula-o), mas evita a nostalgia vulgar. Ao longo de 23 faixas, Wayne ensaia um registo de maturidade, com uma candura e uma sinceridade inesperadas, que une produções de Mannie Fresh, seu colaborador de langa data, com a contemporaneidade de Metro Boomin, a que se juntam nomes como Swizz Beatz e Zaytoven.
A confirmar-se o ponto final na carreira – que se estende já além das duas décadas –, o canto do cisne de Lil Wayne é uma celebração da sua influência e do seu legado, e marca definitivamente o fim de uma era.