Compilação “Labanta Braço” junta elenco de luxo na luta contra o racismo em Portugal

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Numa era em que surgem à tona os problemas sociais e o racismo/xenofobia que assolam Portugal há longos séculos, talvez nunca tenha havido terreno tão fértil para a intervenção e para a música mostrar o seu poder como arma de progresso cívico e de sensibilização das massas.

Mas, enquanto o mainstream e o lado mais “industrial” da música pecam pela demora em cumprir algo que – mais do que uma tendência a ser aproveitada – deveria ser um objetivo, resta-nos virar os olhos (e os ouvidos) para artistas que ainda não alcançaram uma plataforma massiva, mas que mesmo assim não se negam a usar a arte como base para um futuro mais justo e igualitário para todos os credos, raças e sexos.

No âmbito dessa mesma tensão, a plataforma Rimas e Batidas e o podcast Raptilário assinam a compilação “Labanta Braço”, um portento de 37 faixas instrumentais e que une um elenco de luxo com alguns dos mais interessantes e incontornáveis artistas negros em Portugal, com único objetivo de sensibilizar e apoiar para uma das lutas mais importantes da sociedade portuguesa desde o 25 de Abril.

Alexandre Francisco Diaphra, Ângela Polícia, Arekkusu, Bambino, Blaeckfull, Cachupa Psicadélica, Danykas DJ, Deejay Télio, Dellafyah aka Kilu, DJ ADAMM, DJ Lycox, DJ Marfox, DJ Núcleo, DJ Satelite, Dotorado Pro, El Conductor, FRXH, Herlander, Jackpot BCV, Juzicy, Macaia, Mizzy Miles, Nástio Mosquito, Nelassassin, Nelsoniq, Nídia, Nigga Fox, Nzhinga, oseias., PHOEBE, prétu, rkeat, Wake Up Sleep, Slow J, Studio Bros, Tóy Tóy T-Rex e Young Max.

Por entre os artistas que integram as fileiras da compilação, podemos encontrar lendas, promessas emergentes e verdadeiros fenómenos dos últimos anos, num esforço inédito em Portugal e que almeja mostrar também a diversidade do zeitgeist da cultura negra, que aqui se estende em temas que navegam desde o hip hop mais lo-fi à música de dança injectada com funaná!

A missão é simples, segundo adianta o comunicado que acompanha a compilação:

“Num ano marcado por ações racistas (com mediatismo e sob a luz das câmaras) deste e do outro lado do oceano, somos obrigados a refletir mais sobre o tratamento que a comunidade negra recebe de instituições e pessoas que deviam estar mais preocupadas em protegê-la do que em marginalizá-la. O Rimas e Batidas e o Raptilário querem fazer mais. Por isso, hoje lançamos Labanta Braço, compilação solidária criada por artistas negros que desafiámos e que se juntaram a nós. Por George Floyd. Por Bruno Candé Marques. Por todas as vítimas do racismo e da opressão social. Pela mudança. Labanta Braço.”

A compilação já pode ser adquirida na página de Bandcamp do Rimas e Batidas pelo preço símbolico de (pelo menos) 1 euro, e as receitas serão doadas á SOS Racismo. Será também lançado o desafio a várias marcas para igualarem o valor angariado até ao final do Bandcamp Friday de Setembro, no dia 4, a ser dividido e distribuído equitativamente entre os intervenientes da compilação e a associação SOS Racismo.