Fotografia: Mike AK para contracoutura
Dia 8 de Março de 2019 ficou marcado como o dia em que o Hip-Hop português fez história. O projecto era ambicioso, encher o Altice arena para homenagear uma cultura que há anos atrás foi apelidada de “marginal”, mas que acabou por saltar dos bairros suburbanos para o maior palco do país. Tinha tudo para correr bem e correu. Foram dezenas de artistas – entre MC’s, DJ’s, Bboys e Writters – e um público que aderiu em massa juntos para mostrar que não há motivos de preocupação em relação ao futuro da cultura em Portugal. O Hip-Hop está vivo, melhor do que nunca e a sua longevidade está assegurada.
O palco foi desde cedo ocupado por Nonem e Youthone, os writters convidados para desenhar a história desta memorável noite. Divididos, um em cada lateral do palco representaram a vertente Grafitti ao longo do evento. Ao centro, na mesa de DJ, entre os mais diversos géneros de beats, Bomberjack, Big, Cruzfader, Kronic e Nel Assassin foram “arranhando” os pratos, controlando os ritmos e acompanhando as rimas e os moves dos BBoys que iam subindo ao palco. Foram duas as crews de BBoys que representaram o nosso breakdance no enorme palco do Altice Arena, entre os beats de Rap mais convencional que nos faziam viajar para os subúrbios de Bronx, Gaiolin City Breakers e 12 Makakos foram ao chão e mostraram que o nosso Hip-Hop tem grandes moves.
O MC’ing foi por motivos óbvios a vertente mais representada, foram imensos os rappers que marcaram presença na história do Hip-Hop Tuga. Desde os clássicos General D, Dealema, Ace e Presto aos nomes que têm estado mais na moda nos últimos anos como Dillaz, Piruka ou Wet Bed Gang. Cada MC foi representando um ou mais anos da história, com músicas correspondentes ao ano em que foram lançadas. Sam The Kid foi quem mais oportunidades teve de subir a palco, o rapper de Chelas sempre foi um dos maiores alicerces do Rap português e ficou provado em ovações que o respeito pelo homem por de trás de TV Chelas é enorme. Nomes como Bispo, Dillaz, Piruka, Wet Bed Gang, Profjam ou Holly Hood também mereceram destaque no love dado pelo público, assim como SP e Wilson que trouxeram o beatbox que os fez correr o país há uns anos atrás. O concerto terminou entre ovações após a música “4 da manhã” dos Wet Bed Gang, e quase todos os intervenientes no espetáculo subiram ao palco e para um aplauso final à História do Hip-Hop Tuga.
O feedback é mais do que positivo, a cultura Hip-Hop está em ascensão e ninguém esqueceu de quem a segurou até aqui. Faltarão sempre nomes importantes e que contribuíram para o desenvolvimento de todas as vertentes, mas seria impossível ter todos num espetáculo ao vivo. A organização aproveitou também para ir homenageando vários intervenientes deste Hip-Hop Tuga ao longo dos anos através do speaker que ia apresentando a festa.
Fica desde já uma palavra de apreço à Faded pela organização deste evento super ambicioso, onde os percalços passaram ao lado daquilo que foi o grosso da festa.
Excelente organização, excelente público, excelente festa, foi feita História no Rap Tuga.