Depois de voltas e contravoltas, chega-nos finalmente o nono álbum de Kanye West – o rapper de Chicago não falhou a data prometida, e Jesus Is King está cá fora.
Não será preciso recapitular o rol de controvérsias que assolaram a vida de West em anos recentes, e que serão em parte explicadas pelo diagnóstico de bipolaridade. Contudo, nos últimos tempos, e depois das polémicas aventuras pela política, temos vindo a testemunhar uma descoberta religiosa – representada exemplarmente no Sunday Service, projeto onde Ye faz a ponte entre uma missa e um concerto, e que tem levado em tour. O novo álbum é o resultado natural dessa influência, tirando de cena o prometido YANDHI: no lugar de um sucessor estético de YEEZUS, encontramos um disco profundamente devedor da tradição gospel, apontando aos valores de Deus, de família, de comunidade.
A par do que já aqui noticiámos – um lançamento em IMAX e vários drops de merchandising – chegam-nos assim 11 faixas, que totalizam uns modestos 27 minutos. Os créditos de produção são, como habitualmente, longuíssimos: ao dedo omnipresente de Mike Dean, colaborador de longa data, juntam-se outros veteranos como Timbaland, e relativos newcomers como Pi’erre Bourne. As participações são ainda mais heterodoxas, dos irmãos Clipse e Ty Dolla $ign ao improvável Kenny G.
O resultado é, claro um álbum profundamente religioso, onde referências bíblicas se cruzam com as neuroses que continuam a atormentar West. As coordenadas estéticas estão firmemente ancoradas no que de mais contemporâneo se faz no hip hop, mas o conteúdo lírico, a par da duração do projeto e do joelho em cima do qual foi misturado, são capazes de alienar até os mais fervorosos seguidores de Ye.
Não haverá, contudo, como ouvir o disco – disponível abaixo, via Spotify, e nas restantes plataformas habituais. A edição física pode ser comprada no website do artista, tal como o merchandising associado.