Amor às Sapatilhas em Portugal: mito, ilusão ou tentativa de cashing out.
Wait, não devia ser uma pergunta? Claro que não, é os três mesmo!
Grupos. Grupos de vendas. Grupos de motas. Grupos de tuningaços, grupos de costura, grupos de emigrantes, grupos de pesca e de caça, grupos de fãs do Rangel, grupos de encontros, grupos de amantes, grupos de estudo e de respostas a exames nacionais (ups). Grupos de toda e mais alguma merda. Grupos de grupos.
E de sneakers? Claro que também há. Se é realmente um grupo? God no. Nem grupo nem meio grupo, mas já lá vamos.
O fulcral é que, e durante todo o decorrer e desenvolvimento da humanidade, o Homem criou grupos. Precisa de encontrar alguma coisa a que se agarrar, fazer parte de e de mostrar que é o macho alfa. O grupo dos solteiros que bate todos os bares, todas as noites, à caça do bovino que corra menos. O grupo de casais que todos os fins-de-semana se junta no mesmo sítio há 20 e tal anos, mulheres numa mesa, homens na outra, criando uma confraternização de bros, como se no meio de tudo aquilo não houvesse swings ou aquele que anda a comer a mulher do outro. Depois, como não, admiram-se que os filhos de diferentes casais sejam parecidos…já estou a divagar, sorry.
Grupos de (e pelo que vejo da faixa etária do tag #contracoutura, grande parte vai apanhar bem esta) jovens fiéis ao jogo da bolacha em casa do amigo com os pais divorciados que nunca estão em casa. Grupos de gajos (e gajas) que “Ah e tal, só bebo porque é a queima, não é costume e não sei quê…” 24 minis, 14 shots de tekilla e saliva de 4 ou 5 pessoas diferentes, é quase praxe para quem mais tarde ganha o crachá por terem evoluído para um grupo bastante mais famoso: Alcoólicos Anónimos.
Até dentro da nossa triste e pequena sociedade, fazemos parte de um dos 4 grupos principais: Existe o grupo dos rotos (oi, o meu nome é blackblablabla), existe o grupo dos “Ai coitado, é roto. Olh’ áli uma luis bitón”. Mas depois, existem os outros dois grupos, estes algo mais extremos: o “caga nisso, nem euros tenho para pertencer a um grupo” e o “caga nisso, não tens dinheiro suficiente para eu fazer parte desse grupo”.
Deixo já kel curiosidade de saber a qual desses grupos, tu que estás a ler esta merda, pertences. Deixa nos comentários se isso não for demasiado de pobre para ti.
Anyhow…todos gostamos de grupos e todos pertencemos a grupos. Claro que cada um de nós pertence a variados grupos e que a cada um deles lhe damos variados usos. Eu, por exemplo, dos grupos que vos quero falar, só lá vou para me rir. Não que sirvam para muito mais, na verdade.
Há 2 grupos principais ligados à cultura sneaker e streetwear em Portugal: Sneakers Love Portugal (SLP), All About e o In The Streets (ITS). (Se achaste que fiz mal as contas, não apanhaste a dica.)
O tema que vos trago hoje trata o panorama nacional das comunidades portuguesas ligadas ao nosso mundo. A.k.a. vou espetar a faca da verdade nos grupos.
*Lord have mercy – Bounty Killer voice*
Ok. Acho que já consegui deixar toda a gente de água na boca. Alguns com espuma, mas ya. Cry me a river. A verdade é que não, não vou falar de grupos, não vou bater no que já está morto. Não para já, mas fica o aviso.
Não porque o público não o peça. Se pudesse mostrar as dezenas de DMs a pedir que finalmente “acabe convosco”, a requerer segredos e surpresas que quase ninguém sabe, a desmascarar o quão pobres (com “D” também encaixa como uma luva) os gurus são.
Mas eu tenho de concordar com os chorões. Não na parte de ser ressabiado, de tanta ironia esse foi o maior tiro no pé desde que o outro se lembrou de meter uma máscara de ski na cara e criar um instagram para dizer merda.
Mas têm razão numa coisa: sou demasiado negativista e só gosto de dizer mal.
Mas, se eu tenho de ter em conta isso, vou-te pedir, febril leitor, um favor também: aprende a ler. Eu entendo, ser corriqueiro é um dom algo edípico, mas se for difícil de entender, pára. Lê outra vez. Já há demasiados desempregados para ter de despedir o Batatinha e o Companhia também.
E só para acabar a intro, queria apenas dar um big up àqueles que levam tatuadas todas as lojas old school mas que andam nisto há 2 dias.
Deixemo-nos de obrigados e ovações à minha personagem, deixo-vos todo o processo de cura do Biafine para fazerem isso e me darem seguidores.
Gostava (e vou) de apelar a um tema emergente e algo preocupante dentro do nosso mundo, e mais, dentro do nosso país.
Recentemente estive a trabalhar um artigo a fundo sobre a NOBRAND e a nova aposta para o “nosso” mercado: Vogue Retro Chunky Sneaker. Já conhecia o Carlos há algum tempo e sempre foi um gajo que me causou curiosidade. Não por causa daquela barba mal feita ou porque, de alguma forma, parecer brand ambassador de uma adega cooperativa de verde tinto, mas devido ao facto de que é um designer de calçado. Mais que isso, é um designer de calçado a trabalhar em Portugal. Mais ainda porque tem a paixão, tem o interesse e tem a determinação de querer vingar (sem cansaço) num país no qual tem a perfeita noção do quão “castrador” é para os designers.
Uma das coisas de que me apercebi em todo o processo de visita, entrevista, pesquisa e análise sobre a NOBRAND, foi toda a estrutura, método de trabalho e rigor na qualidade…que é tão mal aproveitada. *Leia-se que falo do ponto de vista de designer, que acho que já deu para perceber que o tema é esse. Não me estou a querer meter nas decisões empresariais de ninguém.
Vivemos numa golden age do calçado em Portugal.
Temos imensas fábricas a produzir marcas High End. Temos fábricas enormes de enormes produções que ainda assim conseguem manter a qualidade (face aos caras de arroz). Vemos cada vez mais fábricas em feiras internacionais, fábricas a ganhar prémios atrás de prémios nacionais e internacionais. Igualmente observamos mais e mais marcas MiPT nas grandes feiras lá fora. A Pitti já começa a saborear o que de melhor fazemos por cá, inclusive na Pitti Uomo que conta sempre com a nossa presença com nada mais que orgulho nacional.
Este ano, com o contracoutura, descobri uma mão cheia de marcas com o maior tesão de vingar. NOBRAND, Ambitious, ZOURI, J. Reinaldo, Patrick de Pádua, Ruben Rua. Uma grande surpresa (e que adorei conhecer o projecto em primeira mão) foi a Alexandra Moura. Já sigo o trabalho da Alexandra acompanhada pelo enorme Diogo (seu esposo), já há algum tempo, já me apaixonei 500 vezes por peças dela, calçado as well (rememeber Autumn/Winter 2016), mas se esperava que de repente me partissem o pescoço, repetidamente. Claro que não.
Mas o que isso me trouxe foi entusiasmo, e se me permitem a dureza, a esperança no design de calçado em Portugal. Dizer que somos pobres nesse campo é algo que é extremamente visível, mas errado e injusto. Temos qualidade. Temos muita qualidade. O que não temos é onde a demonstrar.
Já nem quero falar do Sr. José Cabaço (se não sabes quem é, provavelmente és comprador assíduo da Footlocker ou deverias considerar outro hobbie). Vou toe-to-toe com os soldados da primeira linha que, quer directa ou indirectamente, emanam louvor e gosto pelo que temos e fazemos, em vez de tentar derruir e invalidar projectos discrepantes, bc Dead Balance é mais da çena.
Vou começar, e desculpem-me a publicidade forçosa, mas este rapaz foi a revelação do ano para mim. Carlos Ribeiro, 36 anos, Head of Design da NOBRAND, conseguiu arrancar de uma marca tradicionalmente clássica, uma silhueta bem conseguida que facilmente rompeu com os 30 anos da marca de Felgueiras.
Tecnicamente simples mas conceptualmente bem imaginada, foi buscar inspirações a peças dos anos 80 rematando com detalhes actuais. De forma clara: um excelente par, bem executado e com um PVP interessante e justificado, completamente merecedor de menção de honra. Igual menção ao seu criador por ter feito uma “Ultima Ceia” com lápis de cera.
Avançando para um patamar algo diferente: Daniel Gonçalves.
Quem é? Provavelmente mais uma razão da decadência (que na verdade nunca foi mais do que isso) da arte do calçado em Portugal, porque é sempre essa a pergunta que me fazem quando falo nele. Jovem, 27 anos. Saído da ESAD como mestre em produto, finalizou os estudos em Design de Calçado na Lisbon School of Design. Nortenho e portista, mas qualidades aparte há uma coisa que o meteu na “boca do povo”, ainda que por pouco tempo.
Já seguia o Daniel no Instagram há uns bons anos, mas foi no fim do primeiro Quadrimestre de 2018 que realmente me interessei no percurso dele. Abril de 2018: Daniel chega ao TOP 16 da World Sneaker Championship da Pensole. Em teoria, nos 16 melhores Junior Designers de Footwear do mundo. Fact (e não é para deitar abaixo, é mesmo confirmado): é tudo feito. Já a merda de curso que fizeram em Guimarães foi mais forçado que o saca-rolhas do Renato Seabra, mas infelizmente o vencedor é “quem dá jeito”. Daniel, deves saber do que falo, right?
Em todo o caso, kudos. Este jovem criador lançou uma iteração do seu trabalho a concurso em parceria com a WEAREUNDERDOGS e co-criou a WAYZ, uma marca de sneakers desenhadas por ele.
Mais um talento nacional, quer se goste ou não do par que orgulhosamente levou ao Portugal Fashion. Pessoalmente: não as queria na minha coleção. Mas hey, também o Sérgio se veste mal, mas ele adora.
Vamos a uma pessoa mais underground. Não é designer. Ou melhor, é. Só que não de calçado, mas tenho igual ou mais respeito por ele como por qualquer outro.
Este homem começou como escolha de colecções a part-time e foi ganhando gosto ao mundo da moda. Pai babado, filho do bom techno do virar do século, ex-sócio do Vaticano, é dono de uma marca quase invisível em Portugal, mas que vence no mercado asiático, vincado na Coreia e no Japão: a CommonCut.
O Fernando Figueiredo é daqueles gajos que se entrega de alma e coração ao que faz. Delineou o objectivo para a pequena marca Made in Portugal de Barcelos e não se desvia nem um milímetro porque “é o que eu quero para a CommonCut, é a minha visão.”. Já fez colaborações com outras marcas, como a La Paz, já enterrou mais dinheiro do que o que devia, mas se lhe perguntarem se vale a pena? Sim 1000 vezes e voltava a repetir.
Toda a sua linha é fruto dos seus olhos e bom gosto. E não é pela falta de aportação técnica ou conceptual que não o considero um dos meus maiores orgulhos na área. Um designer tem de ser motivado, tem de ser seguro e orgulhoso do que faz e se deixei curiosidade, dêem uma vista de olhos numa das marcas que brilha na Pitti Uomo. Mas como nem tudo pode ser bom, aproveito para mandar a facada: Nandinho, a tua única falha é a falta de huevos para tentar coisas novas e tentar puxar mediatismo à marca. Mas, you know I love you.
Entremos num nível bastante mais elevado, sem dúvida mais interessante a quem está a ler isto e alguém que me pediram para não mencionar. Mas se ele não fizesse parte desta lista, era tão coerente como as desculpas do evento que não vai acontecer.
- O CARALHO. VAI DAR GRANDE BEEF! EI VAI DIZER MAL DO MOÇO TIPO O OUTRO NO ALLABOUT. EI NÃO ACREDITO. EI. EI. EI.
Bitches, achantrem por favor. Isto não é o éssélepê. Aqui só saem para fora as verdades (quer as aceitem, quer não) e em momento algum se tornará algo pessoal. Believe it or nah, e tristemente não recíproco, tenho imenso respeito e orgulho pelo Miguel e pelo trabalho dele.
Voltando à çena, Miguel Silva. “Draws shoes for a living at ///”, nos HQs da nossa querida adidas. Hard-head metaleiro, skater boy e fruto da pequena mas simpática freguesia de Lordelo, Paredes. Dropout da FBAUP, foi a melhor decisão que teve, apesar de já não me deliciar com as incríveis pinceladas que deixava nas telas, para se juntar à equipa de design da trefoil brand, na Alemanha.
É complicado exprimir tamanho agrado com a naturalidade com que este miúdo sacava ideias e conceitos desde o skate ao running e ao lifestyle, acompanhados de handmade renders de encher os olhos (e a boca de água). Magia com o(s) lápis. E de tão bom que era, peço-vos que procurem o excelente trabalho de ilustração que fez para o display da Staple (ya, do Jeff Staple) na Complexcon de 2016.
E o mais incrível de um chavalo de 20 e poucos anos que cagou no percurso académico para prosseguir um sonho? Um simples desabafo que, um dia num pobre e abandonado shopping, me confiou: É ela, sabes? É impressionantes as vezes que olho para ela para me inspirar. Até posso estar no meu pior dia, mas só a presença dela, faz-me esquecer toda a merda. O olhar dela, man. O olhar dela. É a minha musa.
Para meu gosto pessoal, nem consigo levar a sério as Swift Barrier, mas sabes uma coisa, Miguel, foi esse teu desabafo, foi esse teu método que me fez colocar uma estrelinha no teu nome e a razão de nunca ter deixado de acreditar em ti, no teu trabalho, no teu talento e no futuro do footwear em Portugal, porque eu sei o que isso é.
Recentemente lançadas, o Miguel é o criador por detrás das Samba RM. Um design muito clean e fácil de digerir e que facilmente vai apelar às massas pela sua elegância contrastada com o boost que incluiu na sola. Although, gostei mais da versão em papel. Big up.
Lamento apenas uma e uma só coisa, no meio disto tudo: o recente síndrome de milionário. Via-o com uma atitude tão humilde e lutadora, apenas para o ver crescer com a coroa na cabeça (ou melhor, na barriga). Mais que isso, pela venda que lhe forçaram a usar. Não consigo deixar de contrastar o que dizia e faz com o urge patois e projectos antigos como as LA ADV, as Push Boost, os kicks da éS e sobretudo as Emerica que são qualquer coisa de fenomenal.
O próximo destacado é alguém que conheci recentemente, apesar do nome dele já me ter cruzado dezenas de vezes. Sempre tentei seguir o seu trabalho, mas devido a confidencialidade, sempre me escapou por baixo do radar. Mas na falta de informação, faz da língua portfólio.
NOBRAND, Leandro Lopes, ZOURI, 24h LeMans, BMW, ORZHAUS. Não chega? French Montana, Lil Pump, Tyga, Snoop Dogg.
Hugo Melo, se não for mais nada, é um gajo que só de experiências e contactos, já aproveitou bem a vida. Desde churrascos em Venice Beach com a malta da Classic Driver, festas com Jay Leno, Paddocks nas 24H LeMans e até eventos com o enorme outlaw Magnus Walker.
Tudo isto somente para exponenciar a maior qualidade do que, para mim, é o melhor designer de calçado nacional: a versatilidade. Desde trabalhos de moda, a casual sneakers, de conceitos e mensagens a produtos super técnicos. É de maior louvor a frieza com que o Hugo abraça e resolve com exímio cada desafio (menos Leandro Lopes, isso é só mau) e a forma com que aplica a sua metodologia ao mais intrínseco trabalho fazendo-o parecer apenas mais um.
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Nos entretantos vou tentar conhecer melhor a pessoa, que ainda sei demasiado pouco.
Podia continuar a trazer mais e mais exemplos, de todo o lado do país. De variadas escolas e culturas, com enorme ou sumária experiência e com ou sem curriculum que se preze, mas isto tudo para quê?
Rápido exercício para fazerem desse lado: papel, caneta e respondam ao seguinte:
- Quantos dos anteriores designers conheciam?
- Quantas marcas de calçado português conhecem?
- Quantos pares portugueses têm na vossa colecção?
Agora comparem com o vosso conhecimento fora de Portugal. Nem se assemelha, right? É normal haver uma diferença, mas deveria ser assim tão notória visto sermos dos maiores produtores de calçado, sermos os segundos fabricantes com mais qualidade do mundo e até termos sido invadidos pelos maiores nomes do mundo da moda?
Aproximadamente 6800 empresas dedicadas ao calçado em Portugal. Digamos que metade são fábricas. Fuck it, digamos que 1/5 são fábricas: mais de 1300 fábricas de calçado dentro do território nacional. CFPIC, LSD, ESD, IPCA, IPP, EPF, são apenas de alguns dos centros que acolhem dezenas de estudantes de cursos de design de calçado. Foram cerca de 700 em 2018. Mais de metade do ”Sangue Novo” e da “Bloom” mostrou colecção com calçado na última edição, e mesmo fora disso, já em runway, fomos abalados pela qualidade, pela surpresa, pela vontade de fazer a diferença. E a verdade é que só a Alexandra Moura fez abrir os olhos ao potencial que temos, fora tudo o que vi depois.
Mas, onde estão esses pares à venda? Onde estão essas marcas? Onde estão esses designers? Onde caralho está o nosso talento? Onde está o apoio à criação para tanta asa perdida que temos por cá?
Há um tema bastante interessante que gostava de comentar aqui, mas ainda é algo duro dado às circunstâncias. Vou apenas roçar, para quem é entendido, captará de seguida. Para quem não, apenas para elucidar: foi o que mais fechou as portas (“fechar” é ser simpático) a qualquer aspiração de marca\designer.
O “efeito Filling Pieces”.
Já eram escassas as fábricas que aceitavam novos projectos, novas ideias. Isto foi o que fez com migalhas virassem areia e o pobre chavalo que tinha o sonho de desenvolver a sua própria colectânea, aquela aflorante marca com demasiado poucos recursos para fazer uma cápsula que enchesse os cofre do dono das fábricas ou até gajos que mantinham um trabalho coerente, sem nunca falhar, mas com produções mínimas, viram-se obrigados a encontrar soluções longe do que poderia ser algo positivo para todos, sobretudo para a cultura. Para inspirar outras casas a fazerem o mesmo e sobretudo ajudar a quem se identifica nesta “castradora” situação.
Mas, once again, não vou fazer o vosso trabalho de casa. Assim sendo, vou apenas declarar o meu amor a uma incrível iniciativa e a uma pessoa que, sem a mais pequena dúvida, é dos maiores catalisadores do apoio ao jovem criador.
WEAREUNDERDOGS.
“Plataforma criativa cuja missão é dar vida a novos conceitos de sneakers de jovens talentosos designers com um fresh approach.”
Nome duvidoso, carácter assertivo, ideias no sítio certo. Paulo Gonçalves é um dos responsáveis por esta imensa proposta. É uma das pessoas que mais me orgulhei de conhecer em toda a indústria e tem um gosto pela arte como muitos de nós que sabemos diferenciar comunidade de facebook groups.
Que é, que fazem, porquê…?
Antes de nada, Let Me Google That For You: We Are Underdogs
A WAU seleciona os mais interessantes conceitos de variados young designers e oferece a possibilidade de não apenas tornar o sonho em realidade, como todos os meses elabora uma limitada produção de 99 pares desse mesmo protótipo e os colca à venda a troco de royalties para o seu criador. A ideia de giving back à comunidade, ao invés de fake giveaways.
Um conceito já algo conhecido entre nós, são as METAMORPH do nosso caro Daniel Gonçalves. Não lhe tendo sido suficiente o lugar que obteve no World Sneaker Championship, conseguiu levar a cabo a produção e dar sold out em uma das colorways. Congrats.
Portanto, ladies and gents, que é uma merda, é. Que é fodido, é. Mas há soluções. Apenas há demasiado poucas, há pouco interesse, há pouca motivação de quem tem a faca e o queijo na mão. Se calhar, está na hora de se dar uma volta à situação e fazer com que o que somos e queremos seja o preterido por quem apenas produz.
Tipo nós, contracoutura: limpeza e reabilitação cultural.
E fábricas, empresas de calçado: já chega de criar marcas a partir de restos das vossas produções. Cópias de cópias, monstros que nem na Seaside merecem estar, quanto mais vangloriá-los no Portugal Fashion. Apostem num designer, enfiem um moço com ideias frescas, com a mente aberta ao que o mercado quer e gosta. Quem sabem, quem sabe mesmo…um designer pode servir para bem mais que “fazer desenhitos no papel”.
Se não, pode ser que apareça por aí alguma coisa que realmente faça a diferença.
Esta é a minha çena. Qual é a vossa?
Lotta love, Blackbalaklava